2.3.07

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Sofro, mas eu vou te libertar.

- Como vai, Michel?
- Bom, a saúde vai bem, o trabalho mais ou menos e o resto uma merda.

Acabei de cometer um ato ridículo. Desde que coloquei na cabeça que preciso ser mais verdadeiro e menos vaidoso tem sido assim. Tateio o meu ideal de homem com a delicadeza de um rinoceronte. Cambaleio a cada passo, perco a compostura e sempre acabo em devaneios tardios, ou, pra ser mais exato, arrependimentos.

Tive tudo que sempre quis sem saber o que queria.
Tive o beijo mais doce, o abraço mais caloroso, o sorriso mais sincero e momentos de absoluta paz.
Dei um monte de nada em retribuição.

Não quero mais falar sobre os outros. Não quero mais olhar pra tudo e pra todos com esse olhar arrogante de quem acha que pode ver algo além do próprio umbigo.
A cada minuto que passa, minha vida perde um pouco mais do sentido que tanto galguei. Das minhas letras de música, crônicas, posts em blogs, grupos de teatro e faculdade de Jornalismo, só restou a certeza de que abusei, e muito, da vaidade.

No fim das contas, o que todos nós queremos é inventar um amor que dure para sempre e algumas teorias que nos tornem bem-vindos em nossas panelinhas. Resumindo: só queremos ser aceitos e ter alguém com quem dormir.

Sim, eu tenho vontade de dizer que as pessoas me enjoam, me enojam, que fingem o tempo todo, que os pseudo-intelectuais são infinitamente mais vaidosos que os mauricinhos/patricinhas e tudo mais... Mas quem sou eu? Será que eu não enjôo ninguém? Será que ninguém tem nojo de mim? E a porra da minha vaidade, onde fica?

Com que cara eu vou sair por aí apontando o certo e o errado, o inteligente e o burro, o mocinho e o bandido?
É muita hipocrisia chamar alguém de hipócrita.

Não vale mais fingir, Michel! Você é o único culpado por tudo de bom e ruim que lhe acontece.

Textos inteligentinhos não valem mais. Pose de descolado, artistinha ou de quem sabe o que quer da vida, também não.
Não vale mais se pendurar em Chico Buarque, Almodóvar ou Dostoiévski, ok?

Agora somos nós por nós mesmos, Michel!
Deixar o passado passar, o berro ecoar e a menina ser feliz.
Tornar-se um ser humano melhor. Menos sincero e mais verdadeiro... Sim, porque a sinceridade é agressão, a verdade não.
Não se pode vencer a vaidade, mas pode-se vigiá-la.

Pois é, Michel, tu ainda tem muito o que cambalear.
Vai devagar!

12 comments:

Franklyn Gallani said...

Por mais que vc acredite nisso, não se pode fingir ser genial, Mir. Ou se é ou não se é. Um texto não é inteligente por vontade de quem escreve. O texto reflete quem escreve. E, diferentemente do espelho, o texto não mente. Porque não mostra sua imagem. Reflete sua alma... Acho que vc tá precisando de um abraço, velho.

Anonymous said...

Caro Franklyn:

Em nenhum momento esse texto toca no ponto da genialidade. É um texto totalmente pessoal.

Mas já que vc tocou no assunto, esse "inteligentinho" que eu escrevi deveria ter sido colocado entre aspas... Se você der um pequeno passeio por esse mesmo blog, verá que está cheio de textos (ou frases) desse tipo.

E sim, eu realmente ando precisando muito de um abraço... principalmente se esse abraço vier com o selo de qualidade "Gallani".

Franklyn Gallani said...

resumindo o comments acima: vc é foda, queira ou não. rs.

Anonymous said...

Resumindo a resposta acima:

Eu sou uma besta vaidosa, isso sim...rsss

Abs.

Anonymous said...

Depois meu blog é que é comprido... tsc tsc tsc.
E bem, já te mandei um abraço já que você anda precisando.

Feliz said...

nossa, rapaz... e arrepiei todo (sem viadagem). vai nessa.

Anonymous said...

Que desabafo!!! Também ando mais para Werther do que para Polliana. Acho que precisamos nos auto-flagelar este fim de semana, de preferência etilicamente. Quem sabe não conseguimos transformar este copo meio vazio em outra coisa

Anonymous said...

ando me sentindo um pouco assim, sabes...? mas enfim, um post comprido pra um blog curto!

Anonymous said...

Ai meu, a gente conversou exatamente isso aquele dia, lembra? Ohhh Michel ma bell, desabafe sempre! Saudade de ti.
beijos :)

Anonymous said...

Isso foi incrível, e eu demorei tanto pra ver...resta dizer uma coisa (ou algumas): tive a impressão que você sabe escrever mais do que eu supunha (isso tem mta chance de estar escrito errado), isso se parece muito com nossos papos discordantes no msn, mas que sempre vou dormir concordando com você, logo, sim, eu já sabia que era uma questão de tempo pra vc explodir...

Alex Fernandes said...

a máscara me serviu perfeitamente...

abraço e logo apareço, das cinzas....

Ps- Esse ano do porco tá foda!

maria. said...

sou toda verde.
já nasci pensando diferente.